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Sempre gostei do termo “Portugal Profundo”, mas mais que gostar há que o conhecer e entender. Eu conheci-o, e até o entendia, por breves passagens, é certo, mas cada vez, que ido da cidade, mesmo cidade de província, caía nesta aldeia, sentia que estava no mais profundo do Portugal profundo. É inexplicável o sentimento. Longe de tudo, da electricidade, da água a correr nas torneiras, da televisão e rádio, só a pilhas, à luz da candeia ou às escuras fazia-se a imagem do som, como de som eram feitos os despertares, bem sedo, ao som do galo ou do chiar dos carros de bois.
É a imagem que guardo desta aldeia. Aldeia dos canastros, das casas de pedra, do muito frio de Inverno, das lareiras e da água fresca a correr nas bicas, de verão. Anos 60 e uns poucos de 70.
É sempre bom regressar às nossas origens, à terra do avô e do pai e ver que no mesmo canastro, onde eu brincava em solitário e dava asas à minha imaginação, agora são muitos os que brincam e imaginam, coloridos.
Parada do Corgo ou de Aguiar, terra de lobos.