AZUIS
CORES
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Hoje não há melros, nem amarelos, embora um pouco de amarelo até fizesse justiça ao mestre Nadir e acompanhasse na perfeição o seu azul, como ele tão bem geometricamente combina.
Hoje quero deixar um pouco da minha terra, Chaves, e dos seus mestres e mestrias, neste caso as cores e arquitecturas de Nadir Afonso, em suma, o melhor da arte flaviense, só espero, que a foto faça a devida justiça de um pormenor dessa mestria.
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Pois é, a vida também é assim, colorida ou não, conforme a fizermos e quisermos. Poderá haver mestria ou não no colorir e descolorir das coisas, mas por mais que se tente, não haverá cor que consiga colorir uma vida cinzenta que se perde e oprime entre o preto e o branco sem nunca atingir a sua pureza…
Eu, gosto do azul!
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E agora o azul... oremos por ela!
Andava para aqui à procura das palavras para ilustrar o post. Como sempre quando as palavras me fogem, rendo-me à evidência da falta de inspiração e recorro à inspiração dos outros, dos poetas, que tão intensamente sabem pintar as palavras.
Peguei num dos meus poetas de cabeceira, mas não serviu. Peguei noutro, depois outro, mais um, mais outro… tudo palavras deprimentes…como são tristes os poetas e no entanto há momentos, dias ou talvez noites, em que só neles consigo beber qualquer coisa de racional. Definitivamente, hoje, não insisto mais em procurar inspiração nos poetas, mas já que perdi o meu tempo, ficam as palavras de um deles.
Sobre o Caminho
Nada
Nem o branco fogo do trigo
Nem as agulhas cravadas na pupila dos pássaros
Te dirão palavra
Não interrogues não perguntes
Entre a razão e a turbulência da neve
Não há diferença
Não colecciones dejectos o teu destino és tu
Despe-te
Não há outro caminho
Eugénio de Andrade
Tristes poetas! Mas tristeza a sério e tristes a sério, daqueles tristes que são tristes, mesmo tristes, são os entendidos que gostam dos poetas tristes e que, de entre tantos, têm a triste ousadia de acasalar na poesia Eugénio de Andrade e Manuel Alegre. Tristes entendidos que não entendem que a tristeza dos poetas se faz num brilhante pôr-do-sol de dias que anoitecem ou, mais puro ainda, numa aurora que nos traz da longa noite e nos desperta a para a luz de uma nova vida.
Pois é meu caro amigo J., para além dos ingénuos, as bestas também dizem gostar do Eugénio.
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