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Fotografia e outros devaneios

Fotografias, e às vezes palavras, de Fernando DC Ribeiro

27
Abr10

Triunfo

 

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Como diria Mário de Sá Carneiro

 

“Eu não sou eu nem sou o outro, sou qualquer coisa de intermédio… que vai de mim até ao outro”

 

do tédio, não gosto, mas gosto do glamour, das luzes, dos copos, da ribalta, dos pulos, das cambalhotas e da noite. Lamentar, só lamento mesmo as manhãs de tédio que se lhes sucede… mas às vezes, tem-de-ser e o ter-de-ser, tem muita força…

 

 

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19
Abr10

Olhó melro!

 

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Quando era mais puto, naquela idade que tem tanto de fascínio como de estupidez, às vezes lia coisas dos filósofos gregos. Tudo que fosse descobrimentos sobre amizade, amor, e paixão, eu lia. Lembro-me de uma vez ter lido uma coisa que me fascinou e que ainda registo na memória, embora tivesse esquecido o filósofo que a disse, penso que foi Aristóteles:


 

“Encontraste um amigo!?

Pois alegra-te porque encontraste um melro branco! “


 

Tão fascinado fiquei, que agarrei numa camisa branca, tinta da china preta e escrevi este pensamento nas costas da camisa, em inglês, pois na altura,” boca” que fosse “boca” tinha de ser em inglês, português, era foleiro. Escusado será dizer que a minha mãe ficou fula com a estragação, enquanto eu, ostentava sabiamente o “letreiro” nas costas.

 

Vem tudo isto a respeito do melro que me chama todos os dias no meu jardim. Assobia por mim e quando me vê, foge. Penso que me anda a gozar, mas eu não me importo ou, então, talvez por saber-se preto, tem medo das amizades…mas tem bico amarelo, talvez seja um sinal, de qualquer coisa, digo eu!

09
Abr10

Por umas migalhas de pão

 

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Diariamente

Enquanto pode

Guarda sempre um bocadinho de pão

No bolso

Que vai desfazendo

Até ficar

em migalhas

 

é a única moeda que tem

 

são pepitas de ouro

com elas

compra

um pouco de atenção

reconhecimento

de uma amizade

breve sem palavras

que o fazem sentir

e lhe dão a razão de existir

sem nada pedirem em troca

para além de umas migalhas de pão

com as quais

pode ser rei na solidão.

 

 

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08
Abr10

Boca de Lobo

 

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Acho que são uma provocação…aliás a beleza, não sei se tem o dom ou a picardia da provocação, certo, é que provoca, atrai olhares apreciativos, mas nunca, quase nunca, nos deixa entrar por ela adentro…

 

Esta provocação chamam-se (disseram-me) Boca de Lobo. Quis o destino, já de há muitos anos, que nascesse num pequeno jardim mesmo em frente à porta do meu mundo. Vejo-a renascer todos os anos e faço de conta não lhe ligar, não dar por ela. Cresce, bota flor, muda de cor e continuo sem lhe ligar, apenas de esguelha ou soslaio lhe vou dando um olhar fugidio. Disfarço mal. Nunca soube disfarçar, por isso, penso que ela me apanha em flagrante delito de olhares fugidios. A mula, faz de conta que não dá por nada e continua no seu ar de alheia a tudo e a todos na sua singular provocação de beleza e de atracção de olhares.

 

Que raio, um homem não é de ferro…vergo sempre, não resisto a tanta provocação diária e chega sempre um dia em que a olho bem nos olhos, de frente, contenho a respiração por uns segundos e zás, já está… ela, aparentemente indiferente, larga um sorriso, que não se vê, mas que se sente, como quem diz – Apanhei-te, eu sabia…

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