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Fotografia e outros devaneios

Fotografias, e às vezes palavras, de Fernando DC Ribeiro

07
Mar20

Brincadeiras ComSiso 90 e 54

MACNA - MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA NADIR AFONSO

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Hoje tinham de ser mais duas imagens do MACNA - Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, em Chaves, pois inaugura mais uma exposição do Pintor flaviense Nadir Afonso, que dá o nome ao museu, mas também porque é uma exposição que pretende ir de encontro às comemorações do centenário do nascimento do pintor.

 

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NADIR, SUBJECTUM,  é assim que se intitula a exposição com a curadoria de António Quadros Ferreira, que reúne cerca de 100 obras de arte de Nadir Afonso, entre acrílicos sobre tela e estudos em guache. Exposição que inaugura hoje, 7 de março, às 17H30, com obras onde Nadir mistura a geometria a que nos tem habituado com a figuração, à qual Nadir raramente utilizou. A não perder, mesmo porque a entrada é gratuita (para a inauguração) e a par de Nadir poderá apreciar as restantes exposições patentes ao público no MACNA, onde se encontram representados quase todos os grandes pintores e escultores de arte contemporânea do século passado e atuais (Amadeu de Sousa Cardoso, Vieira da Silva, Almada Negreiros, Júlio Pomar, Cutileiro, etc.) contando também com uma pequena mostra de esculturas do escultor flaviense Carlos Barreira. Como se isto não chegasse, temos ainda o próprio edifício do MACNA de autoria de Siza Vieira, uma das suas joias mais recentes, que só por si, merece uma visita. É uma proposta para hoje, inauguração, para o fim de semana, ou para qualquer dia, exceto às segundas-feiras em que o MACNA está fechado.

 

A exposição que hoje inaugura, NADIR, SUBJECTUM, estará patente ao público até 29 de novembro de 2020. 

25
Fev20

Entrudo, Entróido e Carnaval (*)

Verín, Laza e Podence

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O Homem Líquen (Carnaval de Verín - Galiza)

Entrudo ou Carnaval está aí, nas ruas das aldeias, vilas e cidades, um pouco por todo o mundo, e é coisa muito antiga com origens para todos os gostos. Em miúdo, lá em casa falava-se no entrudo e pouco em carnaval. Embora o primeiro termo esteja mais ligado ao mundo rural e o segundo, mais globalizado. Entrudo para nós, entróido aqui para os nossos vizinhos galegos ou para a nossa Eurocidade Chaves-Verin, já que em Chaves, não há tradição do que quer que seja (entrudo ou carnaval), ou melhor, até havia, em manifestações espontâneas de pequenos grupos, não organizados,  de um entrudo porco, sujo, feio e barulhento, era mesmo assim, com farinha e carvão, rabichas e bombas a estourarem por todo o lado, “peidos chocos” e serem largados em lugares público e salas de aula, seringas de água de todas as formas e feitios, e serpentinas para os mais betinhos,  etc.

 

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Cigarrón de Verín - Galiza

Coisas que até eram proíbas de serem utilizadas (como as bombas e petardos) mas que se compravam por aí em qualquer sítio, inclusive eram vendidas a crianças. Mas a diversão principal da cidade (Chaves) era mesmo aproveitar essa proibição na presença da polícia, fazendo rebentar as bombas nos seus pés, o que os deixava zonzos na procura dos atiradores, pois no meio da confusão era quase impossível saber quês as lançou, sendo mesmo, às vezes, lançadas a certa distância, principalmente quando a polícia abandonava o local e as bombas continuavam a rebentar-lhe junto aos pés, pois a tática da rapaziada era furar uma batata, meter-lhe a bomba dentro e lança-la a rolar para distâncias maiores. Meia dúzia de atiradores e o resto era assistência, estas, até iam tendo alguma graça, agora chegar a casa todo molhado, enfarinhado e sujo de carvão, já não tinha tanta graça. Assim, se é que isto era entrudo, era o que ia havendo nas ruas de Chaves e não era coisa de um dia, mas de vários… mas isto eram outros tempos, em que televisões poucas havia, internet nem em sonhos, té certo que tínhamos cinema, mas não era todos os dias.

 

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Careto de Podence

Mas voltemos ao Entrudo e Carnaval, às suas origens bem antigas. Pois olhando ao seu significado e origem, o Entrudo talvez seja o termo mais correto, ou melhor, o mais correto seria mesmo entrudo carnavalesco, porque os nossos, têm as duas vertentes, isto olhando à sua origem e ao significado dos termos na sua origem, em que o entrudo tem origem no latim introitus (intróito), com o significado de introduzir, dar entrada, começo ou anunciar a aproximação da quadra quaresmal, por sua vez o Carnaval, mais antigo, remonta ao tempo dos deuses, estava ligado a vários rituais do final de inverno e início da primavera, com festividades e cerimónias aos deuses, destacando-se uma,  a de lançar ao mar uma barcaça – o carrus navalis (carro naval) – repleta de oferendas, após ter sido abençoada por um sacerdote, tendo o ritual por objectivo a purificação e a fecundidade das terras, onde a  multidão assistia mascarada à partida da barca, prosseguindo depois em procissão pelas ruas. Mas há outra versão, esta já da era cristã, a explicação etimológica para o termo «Carnaval» aponta para a palavra carnisvalerium (carnis de carne, valerium, de adeus), o que designaria o adeus à carne durante a quaresma, hoje, nos dias de jejum.

 

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Cigarrón de Verín - Galiza

Chegados aqui, continuo a pensar que o entrudo carnavalesco é mesmo o termo próprio, pois por um lado temos o Entrudo como a introdução à quaresma com o adeus à carna, é a a parte religiosa da coisa e por outro, o carnaval entra com sua parte pagã da coisa, com os desfiles, máscaras, brincadeiras, matrafonas, bailes, bombas e serpentinas.

 

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Os Peliqueiros de Laza (Galiza) - Invasão das casas

Para entrudo deste post, há a dizer que as imagens de hoje são de dois entróidos, o de Verin com os seus cigarróns e o de Laza com os seus peliqueiros e os caretos de Podence. Estres três sim, com tradição e mais qualquer coisa de significado, e embora os três tenham em comum os chocalhos nas costas dos caretos, são completamente diferentes. Os mais genuínos, sem dúvida que são o de Podence e o de Laza, o de Verin é o de maior sucesso, pois modernizou-se, adaptou-se aos novos tempos, mantém algumas tradições, mas explorou a folia no sentido da farra, da borga, dos copos, das noitadas, da festa… e tem sido um sucesso a chamar a Verin milhares de pessoas para as suas celebrações, com a noite das comadres, dos compadres, o domingo corredoiro e os desfiles de domingo e terça-feira (hoje) onde tudo termina.

 

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Cigarróns de Verin - Galiza

E por hoje é tudo, com imagens dos nossos carnavais transmontanos ou galegos, bem diferentes daqueles mais afamados de Portugal.  E é tudo, da nossa parte também cumprimos esta quadra, curiosamente, este ano, se termos ido a nenhum deles, as imagens são de arquivo, mas continuam atuais.

 

(*) - Post partilhado com Blog Chaves - Olhares sobre o Reino Maravilhoso

 

 

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