Olhó melro!
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Quando era mais puto, naquela idade que tem tanto de fascínio como de estupidez, às vezes lia coisas dos filósofos gregos. Tudo que fosse descobrimentos sobre amizade, amor, e paixão, eu lia. Lembro-me de uma vez ter lido uma coisa que me fascinou e que ainda registo na memória, embora tivesse esquecido o filósofo que a disse, penso que foi Aristóteles:
“Encontraste um amigo!?
Pois alegra-te porque encontraste um melro branco! “
Tão fascinado fiquei, que agarrei numa camisa branca, tinta da china preta e escrevi este pensamento nas costas da camisa, em inglês, pois na altura,” boca” que fosse “boca” tinha de ser em inglês, português, era foleiro. Escusado será dizer que a minha mãe ficou fula com a estragação, enquanto eu, ostentava sabiamente o “letreiro” nas costas.
Vem tudo isto a respeito do melro que me chama todos os dias no meu jardim. Assobia por mim e quando me vê, foge. Penso que me anda a gozar, mas eu não me importo ou, então, talvez por saber-se preto, tem medo das amizades…mas tem bico amarelo, talvez seja um sinal, de qualquer coisa, digo eu!