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Fotografia e outros devaneios

Fotografias, e às vezes palavras, de Fernando DC Ribeiro

25
Fev20

Entrudo, Entróido e Carnaval (*)

Verín, Laza e Podence

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O Homem Líquen (Carnaval de Verín - Galiza)

Entrudo ou Carnaval está aí, nas ruas das aldeias, vilas e cidades, um pouco por todo o mundo, e é coisa muito antiga com origens para todos os gostos. Em miúdo, lá em casa falava-se no entrudo e pouco em carnaval. Embora o primeiro termo esteja mais ligado ao mundo rural e o segundo, mais globalizado. Entrudo para nós, entróido aqui para os nossos vizinhos galegos ou para a nossa Eurocidade Chaves-Verin, já que em Chaves, não há tradição do que quer que seja (entrudo ou carnaval), ou melhor, até havia, em manifestações espontâneas de pequenos grupos, não organizados,  de um entrudo porco, sujo, feio e barulhento, era mesmo assim, com farinha e carvão, rabichas e bombas a estourarem por todo o lado, “peidos chocos” e serem largados em lugares público e salas de aula, seringas de água de todas as formas e feitios, e serpentinas para os mais betinhos,  etc.

 

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Cigarrón de Verín - Galiza

Coisas que até eram proíbas de serem utilizadas (como as bombas e petardos) mas que se compravam por aí em qualquer sítio, inclusive eram vendidas a crianças. Mas a diversão principal da cidade (Chaves) era mesmo aproveitar essa proibição na presença da polícia, fazendo rebentar as bombas nos seus pés, o que os deixava zonzos na procura dos atiradores, pois no meio da confusão era quase impossível saber quês as lançou, sendo mesmo, às vezes, lançadas a certa distância, principalmente quando a polícia abandonava o local e as bombas continuavam a rebentar-lhe junto aos pés, pois a tática da rapaziada era furar uma batata, meter-lhe a bomba dentro e lança-la a rolar para distâncias maiores. Meia dúzia de atiradores e o resto era assistência, estas, até iam tendo alguma graça, agora chegar a casa todo molhado, enfarinhado e sujo de carvão, já não tinha tanta graça. Assim, se é que isto era entrudo, era o que ia havendo nas ruas de Chaves e não era coisa de um dia, mas de vários… mas isto eram outros tempos, em que televisões poucas havia, internet nem em sonhos, té certo que tínhamos cinema, mas não era todos os dias.

 

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Careto de Podence

Mas voltemos ao Entrudo e Carnaval, às suas origens bem antigas. Pois olhando ao seu significado e origem, o Entrudo talvez seja o termo mais correto, ou melhor, o mais correto seria mesmo entrudo carnavalesco, porque os nossos, têm as duas vertentes, isto olhando à sua origem e ao significado dos termos na sua origem, em que o entrudo tem origem no latim introitus (intróito), com o significado de introduzir, dar entrada, começo ou anunciar a aproximação da quadra quaresmal, por sua vez o Carnaval, mais antigo, remonta ao tempo dos deuses, estava ligado a vários rituais do final de inverno e início da primavera, com festividades e cerimónias aos deuses, destacando-se uma,  a de lançar ao mar uma barcaça – o carrus navalis (carro naval) – repleta de oferendas, após ter sido abençoada por um sacerdote, tendo o ritual por objectivo a purificação e a fecundidade das terras, onde a  multidão assistia mascarada à partida da barca, prosseguindo depois em procissão pelas ruas. Mas há outra versão, esta já da era cristã, a explicação etimológica para o termo «Carnaval» aponta para a palavra carnisvalerium (carnis de carne, valerium, de adeus), o que designaria o adeus à carne durante a quaresma, hoje, nos dias de jejum.

 

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Cigarrón de Verín - Galiza

Chegados aqui, continuo a pensar que o entrudo carnavalesco é mesmo o termo próprio, pois por um lado temos o Entrudo como a introdução à quaresma com o adeus à carna, é a a parte religiosa da coisa e por outro, o carnaval entra com sua parte pagã da coisa, com os desfiles, máscaras, brincadeiras, matrafonas, bailes, bombas e serpentinas.

 

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Os Peliqueiros de Laza (Galiza) - Invasão das casas

Para entrudo deste post, há a dizer que as imagens de hoje são de dois entróidos, o de Verin com os seus cigarróns e o de Laza com os seus peliqueiros e os caretos de Podence. Estres três sim, com tradição e mais qualquer coisa de significado, e embora os três tenham em comum os chocalhos nas costas dos caretos, são completamente diferentes. Os mais genuínos, sem dúvida que são o de Podence e o de Laza, o de Verin é o de maior sucesso, pois modernizou-se, adaptou-se aos novos tempos, mantém algumas tradições, mas explorou a folia no sentido da farra, da borga, dos copos, das noitadas, da festa… e tem sido um sucesso a chamar a Verin milhares de pessoas para as suas celebrações, com a noite das comadres, dos compadres, o domingo corredoiro e os desfiles de domingo e terça-feira (hoje) onde tudo termina.

 

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Cigarróns de Verin - Galiza

E por hoje é tudo, com imagens dos nossos carnavais transmontanos ou galegos, bem diferentes daqueles mais afamados de Portugal.  E é tudo, da nossa parte também cumprimos esta quadra, curiosamente, este ano, se termos ido a nenhum deles, as imagens são de arquivo, mas continuam atuais.

 

(*) - Post partilhado com Blog Chaves - Olhares sobre o Reino Maravilhoso

 

 

08
Jan20

Semana dos Cavalos

Rapa das Bestas - Sabucedo

 

 

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Hoje vamos continuar com mais duas fotos sobre a “Rapa das Bestas” em Sabucedo, na Galiza.  Amanhã já não teremos aqui cavalos. Eu sei que estou a dar o dito por não dito, tinha prometido que teríamos aqui cavalos toda a semana, mas matutando sobre o assunto, cheguei à conclusão que talvez sejam muitos cavalos para uma semana, o que poderia tornar-se cansativo ou desinteressante. Mas continuaremos dentro das temáticas que me tinha proposto trazer aqui, que irei intercalando durante a semana e que estão um pouco refletidas no menu que existe na parte superior do cabeçalho, e que vai desde a fotografia a p&b, aos cut-out, devaneios, arquitetura, design e outras paragens, neste último tema, o mais abrangente, vão ficar desde fotografias de viagens, paisagens, macros, etc. Ou seja, as paragens não são geográficas em sítios e lugares, embora também possam ser, mas são mais coisas e pormenores que prendeu o olhar e a objetiva da câmara parou para fazer o registo.

 

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Agora ficam mais algumas informações sobre este evento que dá pelo nome de “Rapa das Bestas”:

 

A rapa de Sabucedo fez-se sempre num recinto de pedra (o curro) no centro da povoação. Há alguns anos deslocou-se para o curro novo, feito de alvenaria, onde é seguida por um público multitudinário. A fama da rapa de Sabucedo, uma tradição ancestral com uma forte componente ritual, recebeu a atenção de antropologistas e estudiosos do mundo inteiro. Realiza-se com a proteção de São Lorenzo – parte dos cavalos selvagens pertencem ao santo, ou seja, à paróquia, e são estes os que são rapados na festa –, a quem a povoação é encomendada na missa do amanhecer de sábado. Moradores e visitantes saem depois ao monte, com provisões para repor forças, à procura dos cavalos para os reconduzir ao curro, numa singular experiência turística e etnográfica.

in "https://www.turismo.gal/inicio"

 

Até amanhã.

 

 

07
Jan20

Semana dos Cavalos

rapa das bestas em sabucedo

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Continuamos na “Rapa das Bestas” com mais cavalos e mais “lutas” que fazem o espetáculo anual de Sabucedo, Galiza.

 

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Entre todos os curros (currais) ou rapas das bestas (corte das crinas de cavalos) que decorrem na Galiza durante o verão, o de Sabucedo destaca por ter conservado a pureza da tradição. Este é o único curro onde os aloitadores (lutadores) se enfrentam com os cavalos de igual para igual, sem cordas nem paus, para imobilizá-los e rapar-lhes as crinas. Jovens da freguesia iniciam-se todos os anos numa tradição centenar que levam no sangue, uma forma de entender a vida em comunhão com os cavalos. Um código de ações que aprendem desde crianças, baseado na ação e colaboração de três aloitadores, é a forma como estabelecem a nobre e perigosa luta com as bestas para conseguir vencê-las.

 

Para saber mais sobre esta tradição: http://rapadasbestas.gal/

 

 

06
Jan20

A semana dos cavalos

RAPA DAS BESTAS - Sabucedo - Galiza

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Vamos lá então à nossa primeira semana temática, cujo tema é: Cavalos. Cavalos porque são animais dos quais gosto e respeito, mas não apenas por isso, mas também porque proporcionam sempre fotografias interessantes. As que trago hoje, são da “Rapa das Bestas”,  que todos os anos acontece numa localidade galega que dá pelo topónimo de Sabucedo.

 

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Uma verdadeira luta entre cavalos e homens, mas também algumas mulheres que se aventuram. Trata-se de cavalos que vivem em estado selvagem durante todo o ano e uma vez por ano são recolhidos em grupos para serem vacinados e rapadas as suas crinas. Maioritariamente serão os cavalos da rapa das bestas que irão ficar aqui durante toda a semana, mas haverá também outros cavalos.

 

 

 

14
Ago10

Celanova, aqui ao lado.

Às vezes corremos esse mundo fora para ver e estar num lugar quê, sabe-se lá porquê, se meteu nas nossas cabeças ser obrigatório visitar e, deixamos esquecidas verdadeiras relíquias mesmo à porta de casa.


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Celanova, aqui ao lado na Galiza, é um desses lugares à porta de casa, um dos muitos que menosprezamos e vamos ignorando no planeamento das nossas viagens… mas um dia, lembrei-me, e fui até lá. Ainda hoje, passados alguns anos,  não me arrependi da decisão que então tomei.

 

 


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